sábado, 25 de setembro de 2010

Saudade das coisas simples

Em plena era digital, numa sociedade pós-moderna, na qual vivemos a um clique do mundo, me peguei com saudade das coisas simples...
Senti falta de uma carta postada para meu endereço, me contando as surpresas das pequenas descobertas, lamentei a ausência de uma noite silenciosa e de um amanhecer com pessoas conversando nas calçadas. Doeu no peito quando notei que os ultimos abraços que recebi, foram em formas de pequenos desenhos enviados em conversas no msn, embora eu ainda abrace a muitos. Entristeci com a distância que outrora, gerava saudade e que agora desperta o esquecimento. 
Senti saudade das coisas simples...
Dos casais de mãos dadas, mesmo depois de anos de casados, das noites ao redor de uma fogueira sob o brilho do luar, da música que nos impulsionava a cantar sem abrir a boca, de ver despertar nos corações sentimentos após a inocência de uma paquera, dos recadinhos do coração que ouvía-mos nas rádios,  do endar de bicicleta sem se preocupar com formas, dos bêbados que cantavam desafinados as dores e amores que não conseguiam expor na sobriedade, dos seresteiros que varavam às noites, dos filhos que queriam ser iguais aos pais, dos pais que educavam os filhos com amor e "nãos" na hora devida.
Senti saudade das coisas simples...
Da comida quente do fogo a lenha, da escuridão rompida por meia dúzia de pequenas velas,  das fotos  em preto e branco sem montagens da felicidade, do cheiro de terra molhada, da fruta degustada sem tocar o chão, da manteiga derretida sobre o fubá quente, das bolhas de sabão, dos apelídios engraçados, das novenas de maio nas famílias, da quermesse, do leilão, do som sertanejo dos parques, do beijo na mão do vigário protocolado pela fé, da novela sem pornografia, da vida sem "estresssss" e depressões.
Senti saudades das coisas simples...
Saudade das que vivi e das que meus vinte e poucos anos não conseguiram alcançar. Na realidade, além da saudade trago também no peito um pouco de medo; medo de quando estiver com meus cinquenta e poucos anos, a vida não permitir escrever um texto assim, pelo fato do mundo não me oferecer, hoje, oportunidades que eu venha a ter saudades.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Lutar é indispensável, comemorar as vitórias é necessário.

As vezes me perco no compasso da vida. Vou tentando acompanhar a velocidade das mudanças ao meu redor e me pego esquecendo o essencial, deixando ser nomeado de passado o que no passado desejei.
Muitas vezes na expectativa que nos circunda a existência, desbravamos mundos e derrubamos muralhas rochosas em busca dos ideais que elegemos e das posições que queremos chegar; de forma que perdemos a importância dos objetivos, pelo fato de nos dedicarmos a "ferro e fogo" aos processos adotados para alcançar os mesmos.
É válido ressaltar a importância do entendimento e da vivência da caminhada em direção aos nossos anseios, no entanto, o equilíbrio deve ser a meta. Me pego, vez ou outra, planejando a vida e esquecendo de viver, calculando o próximo passo e me tirando o direito de degustar o pouco tempo que dedico ao estado de mansidão.
Travar as lutas, encarar desafios faz parte da rotina da vida, mas a vida se tornará uma rotina se não formos capazes de vivenciar as vitórias, se nos preocuparmos sempre com os planos de guerra. Afinal a luta tem um propósito, e até que a próxima batalha chegue, mesmo que seja no dia seguinte, há ainda uma noite a se desfrutar.
Portanto, sinto que já estou pronto para batalha de amanhã, isso porque dividi meu dia de hoje em duas partes. Só planejei as estratégias para o amanhã depois que desfrutei das alegrias que conquistei ontem.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ser eu mesmo

Num mundo com uma infinita diversidade, muitos buscam lugar ao sol, e de forma singular se tornar conhecidos por algo "magnífico" que venha a ter, ser ou fazer. Cada pessoa busca à sua maneira um jeito que a identifique como única, e assim a guerra do "ser melhor que o outro", move a sociedade e os sentimentos que ainda existem no meio dessa batalha.
Percebo, de forma mais acentuada, essa busca pelo "eu só", na realidade da juventude, que prega o "ser diferente" e ao mesmo tempo elege modelos à serem seguidos, totalizando um conflito de idéias e de personalidades, que confesso ofuscar meus pensamentos. Não entendo como tantos buscam ter estilos diferentes e no entanto esses estilos são simplesmente cópias, às vezes cômicas, dos estilos de outros. A roupa, o cabelo e as gírias que alguns adotam como seus sem a devida permissão de quem verdadeiramente são os pais de tais manifestações, fazem com que convivamos numa semana com várias pessoas de um mesmo eu, ou melhor, com várias  personagens de um só ator.
Será mesmo que para ser diferente eu tenha que me igualar a alguém que nem conheço? Para ser "maneiro" eu realmente preciso usar cabelo "moicano", argolas que tirem as formas de minhas orelhas, bijoterias que infeccionem minha pele, tatuagens que falem àquilo que não penso? Não sei. Acho que não! Prefiro ser eu mesmo!
É válido lembrar que respeito a todos que fazem uso desses estilos e objetos que citei e tantos outros que existem e não param de surgir. Meu receio é só que tais "adereços" e estilos tirem das pessoas àquilo que elas têem de mais precioso, elas mesmas!