Nesses dias chuvosos, proporcionados pelo nosso inverno atípico, parei para ver a chuva caindo numa noite de segunda-feira, ruas desertas, obscuras e incertas. Todos detidos em suas próprias prisões, algemados nos seus medos e receios à cerca de alguma tempestade, buscando refúgio e proteção sobre suas camas e sob seus lençóis, castelos e armaduras da noite. O barulho dos ventos a retirar das árvores suas folhagens frágeis unindo-se a lavagem corrente de nossos tetos, nos leva em algum momento dessa contemplação a esquecer do brilho solar, nos inserimos de tal forma nessa ação do tempo que nossa “reação” passa a ser o paralisar do corpo.
No entanto, quem já viu a luz do sol jamais ficará acorrentado a uma noite escura, ainda que chuvosa, pois quando se experimenta a clareza e suas descobertas, a escuridão passa a ser apenas sombra. Nasce assim a esperança do amanhã e vislumbramos a verde relva que encantará nosso olhar ao raiar do dia, o cantar dos pássaros, unido ao cheiro de terra molhada tornar-se-ão o energético que nos erguerá com força para encarar a batalha cotidiana.
Como é bom acreditar no surgimento da luz mesmo em meio a total escuridão, como é bom acreditar que o sol nascerá e saber que ele não tardará!
Que Deus nos dê a graça de passar pelas noites escuras e chuvosas da vida, vivendo todas as angústias que lhes são próprias, mas sem pararmos nelas, sempre com o olhar voltado para o brilho dos olhares amorosos que contemplaremos nos dias seguintes, a relva para nosso caminhar, e prontos para continuar o processo de superação constante que aprendemos chamar de vida.