Comprender os tons da vida

Uma das músicas que me faz refletir sobre as inconstâncias da vida chama-se "tocando em frente" (ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais). A visão do compositor é bastante real e ao mesmo tempo poética. Fico então à pensar sobre os instrumentos e tons que utilizamos para "tocar em frente" nossas vidas, paro para ver se consigo percerber a harmonia que tem regido meus dias e constato que muitas vezes os barulhos provocados pela pressa e pela invasão de instrumentos sem cadência, tornam subtonados meus pensamentos e deixam meus atos com ruídos diversos.

Penso que muitas vezes as introduções de nossas palavras (pensamentos) e os solos (atos), se misturam de tal forma aos barulhos oferecidos pelo tempo do hoje, que nos tonam uma canção bela no entanto incompreendida. São várias as músicas das quais cantarolamos no dia a dia e nem ao menos entendemos a situação que realmente passava o artista para que extraísse de si tal obra. Da mesma forma é nossa vida, se não compreendermos a situação que passamos a composição não será compeendida pelo nosso público-alvo, ou seja, o outro. Cantaremos a vida, no entanto sem emoção.

Sendo assim, melhor entender a vida aos poucos, "conhecendo suas manhas e manhãs", para que ao compreender nossos próprios sabores possamos oferecer a poupa de nosso ser, isto é, o essencial do agora, para que o depois seja entendido sem grandes tremores e ruídos. Busquemos pois entender nosso eu para daí buscar compreender seus reflexos, aceitando as chegadas e partidas cotidianas e deixando sempre ficar àquilo que constrói em nós algo que construa também no outro.